domingo, 9 de outubro de 2016

Retrato de mulher



Sou mulher, a noiva do retrato
A que fica em casa trabalhando
Sou mulher, que cozinha e lava pratos
Sou mulher que economiza pranto.

Sou mulher, a amante no teu quarto
Sou metal, sou aço, sou estanho
Sou mulher, aquela que no parto
Grita dores, emite sons estranhos.

Sou mulher de noite, da noite e do dia
Sou aquela que te lava as roupas
Que te serve suculenta sopa
Depois vai pra cama e vira uma vadia.

Sou mulher parideira, faceira e de respeito
Sou aquela que tira leite de pedra
Sou tudo aquilo que já foi dito e feito
Mulher que enfrenta e que não medra.

Sou mulher antiga, sou moderna
Sou aquela que te espera nua
Que faz carinhos, mas que não enverga
A que vai batalhar uns trocados pela rua.

Sou isso e tudo o mais que eu quiser
Sou delicada, sou forte e soberana
Sou aquela que sofre porque ama
Sou guerreira, sou deusa, sou MULHER!

Maria Ivone


A hora da estrela (Sonia)

                                  Comentando “A Hora da Estrela”

              A hora da estrela  de Clarice Lispéctor é um livro que nos faz refletir sobre a nossa existência, a nossa passagem pela vida.
             É um livro que encanta e assusta.
            Conta a história de uma moça de l9 anos vinda do sertão de  Alagoas para o “Sul
Maravilha” em busca de uma vida melhor.
            Seu nome, Macabéa, fora posto pela mãe como pagamento de uma promessa “ se ela vingasse”.Vingou. Feia,  mal acabada, sem corpo de mulher e com uma fome secular e hereditária.
            Perdera os pais muito cedo e fora morar com uma tia beata.
            Após a morte da tia que lhe pagara um curso de datilografia foi morar num pensionato, dividindo o quarto com mais quatro moças, todas Maria. Não se entrosara com nenhuma. Era invisível. Somente a percebiam porque fedia, mas nada falavam para não ofendê-la.
            Trabalhava em um escritório como datilógrafa, mas sem instrução,cursara até o terceiro ano , primário, escrevia errado e vagarosamente porque desconhecia as palavras.
            Glória, sua colega de trabalho, estenografa, ganhava melhor e representava a diferença norte/sul; loira, bonita, atraente, sensual, sabia se comunicar.
            Macabéa aprendera a falar, próprio do ser humano, não a se comunicar. Sua cultura era restrita ao transmitido pela ´Rádio´Relógio. Inútil.
            Não tinha sonhos somente desejos que não sabia explicar.
            Macabéa era um ser fora desse mundo, viera de uma sociedade arcaica, onde a  sobrevivência era uma questão de sorte. A perspectiva de vida menor em relação ao sul do país. Seu mundo infantil foi de fome, de miséria como a maioria do sertão nordestino. Gente de envelhece antes do tempo e morre antes da hora.
            Chegar ao sul não significa vencer . As barreiras são enormes, o preconceito isola. O isolamento leva a solidão.
                Mas, num dia chuvoso ela encontrou Olímpico, outro nordestino  veio fugindo do passado para tentar ficar rico me quem sabe virar deputado..
                E pela primeira vez Macabéa se torna visível.
                Começaram a namorar. Não há diálogo entre eles. Frases soltas.  A palavra não é um meio de comunicação,´só palavra.
                O rompimento do namoro e a possibilidade de perder o emprego a levam  até uma cartomante. Ex-prostituta, ex-cafetina e ganhando a vida agora, lendo cartas. Outra invisível da sociedade. Mas o futuro de Macabéa será maravilhoso.  Novamente  o emprego  e o aparecimento de um príncipe em sua  vida que se tornará seu marido.
                Em êxtase, na esperança de encontrar seu  príncipe encantado, um estrangeiro loiro de olhos de qualquer cor,  andou alucinada, sem prestar atenção ao seu redor, deslumbrada finalmente seria alguém ,uma mulher e teria um futuro. Ao pisar na rua é atropelada. Cai, não nas calçada mas na sarjeta.
                O motorista foi embora, deixando-a caída..
                Os transeuntes se aglomeram, nenhuma ajuda, nenhuma solidariedade. Simplesmente a observam, tornando-se visível pela segunda vez.
                E ali ela ficou, na sarjeta que é o lugar dos enjeitados, dos diferentes, dos in visíveis que incomodam e  atrapalham a existência dos “bem nascidos”.


Significado dos nomes em A hora da estrela, de Clarice Lispector



Rodrigo: Famoso pela glória
Raimundo: Protetor poderoso
Carlota: mulher do povo ou mulher livre.
Glória: glória, honra
Maria: Senhora soberana
Hans: Variante germânica de João
João: a graça e misericórdia de Deus
Clarice: a que é brilhante

Haya: Vida

Macabéa e Olímpico
Do nome Macabéa o traço de luta épica dos Macabeus vai derivar as MACABÍADAS judaicas, equivalente das OLIMPÍADAS gregas, ambos simbolizando a epopéia humana na busca e/ou ultrapassagem de seus limites.

S. M. : Usado para definir se uma palavra é aplicada apenas no masculino no dicionário. Tem também o SF para "Somente Feminino"


Daí, penso eu – Rodrigo Substantivo Masculino – escritor.

A hora da estrela: impressões

   
Macabea
Macabea, uma solidão tão grande, vivia para dentro, não teve ou não pode ter a capacidade de amar, de enxergar um pouco além do seu viver menor que medíocre, teve medo de sonhar, nunca pensou o que poderia existir depois do cais do porto, ficou a ouvir o apito dos navios sem nunca se perguntar para onde  iam;  de saber da grandeza do mar, do mundo. Sua falta de amor-próprio fez com que vivesse  sempre um ontem. Morreu na literatura, porque não havia lugar para uma pessoa tão parca de ambições.
Existem macabeas em todo o mundo.
Existem e existiram macabeas que conseguiram ultrapassar essas barreiras apoiadas por mãos amigas que souberam mostrar a elas que esperança, ideais, sonhos ajudam a viver melhor.


ORCIZA

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A hora da estrela Comentando “A Hora da Estrela”



              A hora da estrela  de Clarice Lispéctor é um livro que nos faz refletir sobre a nossa existência, a nossa passagem pela vida.
             É um livro que encanta e assusta.
            Conta a história de uma moça de l9 anos vinda do sertão de  Alagoas para o “Sul
Maravilha” em busca de uma vida melhor.
            Seu nome, Macabéa, fora posto pela mãe como pagamento de uma promessa “ se ela vingasse”.Vingou. Feia,  mal acabada, sem corpo de mulher e com uma fome secular e hereditária.
            Perdera os pais muito cedo e fora morar com uma tia beata.
            Após a morte da tia que lhe pagara um curso de datilografia foi morar num pensionato, dividindo o quarto com mais quatro moças, todas Maria. Não se entrosara com nenhuma. Era invisível. Somente a percebiam porque fedia, mas nada falavam para não ofendê-la.
            Trabalhava em um escritório como datilógrafa, mas sem instrução,cursara até o terceiro ano , primário, escrevia errado e vagarosamente porque desconhecia as palavras.
            Glória, sua colega de trabalho, estenografa, ganhava melhor e representava a diferença norte/sul; loira, bonita, atraente, sensual, sabia se comunicar.
            Macabéa aprendera a falar, próprio do ser humano, não a se comunicar. Sua cultura era restrita ao transmitido pela ´Rádio´Relógio. Inútil.
            Não tinha sonhos somente desejos que não sabia explicar.
            Macabéa era um ser fora desse mundo, viera de uma sociedade arcaica, onde a  sobrevivência era uma questão de sorte. A perspectiva de vida menor em relação ao sul do país. Seu mundo infantil foi de fome, de miséria como a maioria do sertão nordestino. Gente de envelhece antes do tempo e morre antes da hora.
            Chegar ao sul não significa vencer . As barreiras são enormes, o preconceito isola. O isolamento leva a solidão.
                Mas, num dia chuvoso ela encontrou Olímpico, outro nordestino  veio fugindo do passado para tentar ficar rico me quem sabe virar deputado..
                E pela primeira vez Macabéa se torna visível.
                Começaram a namorar. Não há diálogo entre eles. Frases soltas.  A palavra não é um meio de comunicação,´só palavra.
                O rompimento do namoro e a possibilidade de perder o emprego a levam  até uma cartomante. Ex-prostituta, ex-cafetina e ganhando a vida agora, lendo cartas. Outra invisível da sociedade. Mas o futuro de Macabéa será maravilhoso.  Novamente  o emprego  e o aparecimento de um príncipe em sua  vida que se tornará seu marido.
                Em êxtase, na esperança de encontrar seu  príncipe encantado, um estrangeiro loiro de olhos de qualquer cor,  andou alucinada, sem prestar atenção ao seu redor, deslumbrada finalmente seria alguém ,uma mulher e teria um futuro. Ao pisar na rua é atropelada. Cai, não nas calçada mas na sarjeta.
                O motorista foi embora, deixando-a caída..
                Os transeuntes se aglomeram, nenhuma ajuda               , nenhuma solidariedade. Simplesmente a observam, tornando-se visível pela segunda vez.
                E ali ela ficou, na sarjeta que é o lugar dos enjeitados, dos diferentes, dos in visíveis que incomodam e  atrapalham a existência dos “bem nascidos”.


Significado dos nomes em A hora da estrela, de Clarice Lispector


Rodrigo: Famoso pela glória
Raimundo: Protetor poderoso
Carlota: mulher do povo ou mulher livre.
Glória: glória, honra
Maria: Senhora soberana
Hans: Variante germânica de João
João: a graça e misericórdia de Deus
Clarice: a que é brilhante

Haya: Vida

Macabéa e Olímpico
Do nome Macabéa o traço de luta épica dos Macabeus vai derivar as MACABÍADAS judaicas, equivalente das OLIMPÍADAS gregas, ambos simbolizando a epopéia humana na busca e/ou ultrapassagem de seus limites.

S. M. : Usado para definir se uma palavra é aplicada apenas no masculino no dicionário. Tem também o SF para "Somente Feminino"

Daí, penso eu – Rodrigo Substantivo Masculino – escritor.


Retrato de mulher



Sou mulher, a noiva do retrato
A que fica em casa trabalhando
Sou mulher, que cozinha e lava pratos
Sou mulher que economiza pranto.

Sou mulher, a amante no teu quarto
Sou metal, sou aço, sou estanho
Sou mulher, aquela que no parto
Grita dores, emite sons estranhos.

Sou mulher de noite, da noite e do dia
Sou aquela que te lava as roupas
Que te serve suculenta sopa
Depois vai pra cama e vira uma vadia.

Sou mulher parideira, faceira e de respeito
Sou aquela que tira leite de pedra
Sou tudo aquilo que já foi dito e feito
Mulher que enfrenta e que não medra.

Sou mulher antiga, sou moderna
Sou aquela que te espera nua
Que faz carinhos, mas que não enverga
A que vai batalhar uns trocados pela rua.

Sou isso e tudo o mais que eu quiser
Sou delicada, sou forte e soberana
Sou aquela que sofre porque ama
Sou guerreira, sou deusa, sou MULHER!


Maria Ivone

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Nosso Grupo de Leitura atualmente apresenta a seguinte formação: Iraci - Existencia; Ivone - Inspiração; J.C. Caetano - Reinvenção; Dirceu - Questionamento; Orciza - Reflexão; Sonia - Articulação; Elci - Entendimento; Cássia - Cordialidade; Dade - Criação; Vera - Saudade; Simone - Aquela que ouve!

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