domingo, 20 de novembro de 2011

SERVIDÃO VOLUNTÁRIA

Considero que todos nós somos, de alguma forma, servidores voluntários em alguns dos papéis que desempenhamos em nossa vida:
- Como filho, quando cedemos às exigências de um dos pais tirano ou super-protetor.
- Como esposos, quando sacrificamos sistematicamente uma vontade ou um desejo em favor do cônjuge.
- Como pai/mãe, deixando de adquirir um bem tão desejado por motivo financeiro, em favor de uma vontade do filho ou quando cedemos à insistência do pequeno (nem sempre) para um de seus caprichos.
- Como patrão, aceitando sempre as desculpas esfarrapadas do funcionário, não aplicando as regras do contrato patrão/empregado.
- Como contribuinte, aceitando sempre as imposições dos governantes (em qualquer nível) em forma de leis ou aumento injustificado de impostos e taxas sem reclamar ou protestar.
- Como amigo, quando este é sempre o que decide qual programa que faremos juntos. Viagem à praia ou ao campo? Teatro ou restaurante?
- Como cliente, sempre que aceitamos preços fora da realidade, ou produtos que não são bem aqueles que queremos.
Há uma série de casos que podem ilustrar pequenos casos de servidão consentida.
José Carlos
Oficina de Leitura – UNATI 31/10/2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Servidão Voluntária

Sobre a questão da servidão voluntária
Stela Miller
Ninguém nasce com propensão a ser servil ou a ser tirano. A educação que recebemos ao longo de nossa existência nos condiciona a ocuparmos determinadas posições no interior das relações sociais de que participamos no nosso meio. Isso não se acontece, entretanto, como uma imposição, um determinismo radical e cego do meio sobre nós. Somos ativos nesse meio e, pela nossa atividade, nos constituímos sujeitos individuais, porém nos limites dos condicionantes sociais dentro dos quais construímos nossas vivências, nos relacionamos com as outras pessoas no interior dos sistemas organizados historicamente: social, político, ideológico, jurídico, moral, estético, religioso, familiar, etc.
É dentro desse meio, assim estruturado, que vão se formando os sistemas político-econômicos de dominação de um povo, de um país, de uma classe, de um indivíduo sobre outros.
A insurgência contra esse tipo de dominação é sempre uma possibilidade histórica, tanto para um coletivo, como para um ser individual. Ela depende, entre outros fatores, da forma pela qual exercemos nossa capacidade de agir em consonância com nossos propósitos e com as possibilidades históricas que estão dadas para cada momento.
A história, tanto no plano social, como no individual, é movimento e, portanto, passível de constantes transformações. Romper com estruturas fortemente estabelecidas é um desafio pesado, difícil, complexo, mas não impossível.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Se eu fosse criança novamente...

Se eu fosse criança novamente...

Voltaria para aquele instante que ficou retido em minha memória e reviveria as mesmas cenas...

O velho casarão e seu porão, meu castelo. O quintal com mangueiras e outras árvores frutíferas. A terra e o cheiro de mato.

Entraria novamente no galinheiro e retomaria a conversa com as galinhas que concordavam com tudo o que eu dizia. Deitaria na rede da varanda dos fundos, fecharia os olhos e diria “areia grossa, areia fina, areia me faça ficar pequenina”. E sonharia com um mundo de fadas, gnomos e animais falantes, tudo em miniatura.

Chuparia a laranja do pé, em seguida as jabuticabas. Misturaria manga com leite e mascaria um galhinho de erva doce do canteiro das ervas.

Brincaria de esconde-esconde, pé-na-lata, circo-teatro, balança-caixão. Tomaria um banho rápido no rio, para dar tempo de secar as roupas antes de voltar para casa e aí, sim, tomaria um banho morno reconfortante. Vestiria uma roupa melhor para sentar-me no banco defronte a casa vizinha e aguardar o velho italiano vir contar histórias para toda a turma.

Atenderia ao chamado de minha mãe para voltar para casa, pois já era hora de dormir.

Faria as orações aprendidas com minha avó e pediria ao anjo da guarda para olhar por mim, todos da família e todos os amigos.

E dormiria sonhando com um encantado porvir...

Maria Ivone Pandolfi

Sonata ao luar

Sonata ao Luar

Sombra Boa não tinha e-mail.

Escreveu um bilhete:

Maria me espera debaixo do ingazeiro

Quando a lua tiver arta.

Amarrou o bilhete no pescoço do cachorro

E atiçou:

Vai, Ramela passa!

Ramela alcançou a cozinha num átimo

Maria leu e sorriu.

Quando a lua ficou arta Maria estava.

E o amor se fez

Sob um luar sem defeito de abril.

Manoel de Barros

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As coisas boas da vida

As coisas boas da vida

Pensando e refletindo sobre o “rico” tema, cheguei a algumas constatações (afirmações, conclusões? Não sei) Há razões para isso. Em primeiro lugar está a dificuldade da tarefa. Se por um lado parece fácil (são tantas as coisas boas!) por outro lado é bem complicado.

Há coisas que podemos tranquilamente apontar como boas e outras como ruins. Mas pergunto: se mudamos tanto durante a nossa vida, como citar coisas sempre boas ou sempre ruins?

E ao envelhecer vêm as dúvidas. Será que comer é bom mesmo? E o colesterol, o diabete, a pressão alta! Mas aquele doce de coco, aquele pudim de leite condensado, aquele manjar branco e a fritura, o sal? Nem pensar...

Mas vou vivendo e em vista disso vou tentar executar a minha tarefa.

Dentre as coisas boas e prazerosas coloco: a convivência com a família e com os amigos, a boa comida, as várias expressões artísticas, bons filmes, boa conversa, estar ligada aos acontecimentos sociais e políticos, ao avanço da ciência, ao ócio sem culpa...

Mas como o homem é um ser paradoxal, há no mundo muitas coisas ruins como contraponto: o crime, a miséria, a poluição, a maldade, acompanhadas de sentimentos e emoções como a raiva, a inveja, o ódio, a violência, a usura... Será culpa de Pandora, que soltou de dentro da famosa caixa os males do mundo? Mas por outro lado, não devemos esquecer que Pandora fechou a tempo de guardar a Esperança.

E para finalizar coloco um poema de Lya Luft ( do livro A riqueza do mundo, 2011, pag. 2)

Deuses e Homens

Os deuses estavam de bom humor: abriram as mãos e deixaram cair no mundo

os oceanos e as sereias,

os campos onde corre o vento,

as árvores com mil vozes,

as manadas, as revoadas

- e, para atrapalhar, as pessoas,

O coração bate com força

Querendo bombear sangue

Para almas anêmicas.

Mas onde está todo mundo?

Correndo atrás da bolsa de grife,

do ipod, do ipad,

Ou de coisa nenhuma

Tudo menos parar, pensar, contemplar.

(Enquanto isso a Morte revira seus grandes olhos de gato, termina de palitar os dentes e prepara o bote.)

Arleta

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Coisas boas da vida.

Coisas boas da vida.

Se me perguntarem hoje o que tenho a falar sobre as coisas boas da vida, responderei:

Coisa boa é diferente de coisa gostosa.

Gostosa é comida boa, sombra fresca, sapato largo, casa limpa, geladeira cheia, música, riso, abraço.

Mas, gostoso mesmo é colo. Aquele colinho macio, acolhedor quando bate o cansaço da vida, a vontade de dormir sem pensar em acordar. É gostoso por demais!!! Eu ganhei colo ainda ontem. Que delícia.

Agora coisa boa, hum coisa boa é o livre arbítrio.Nem sempre é gostoso. Mas é muito bom ser livre, poder decidir, escolher, fazer o que se julga certo e bom, mesmo estando enganado. Ser livre para acertar na escolha e ser feliz. Livre para escolher e “dar com os burros n’água”.

Sim, para mim a melhor coisa da vida é ser livre.

Iraci Pereira Mesquita de Melo, 30/08/2011

Oficina de Leitura

Ciclo As Coisas boas da vida.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

As coisas boas da vida

As coisas boas da vida

Stela Miller

As coisas boas da vida, o que são?

Avaliar isso é um ato da subjetividade. É do próprio sujeito, é próprio da personalidade de cada um, é particular; depende da forma como cada um vê e sente os fatos da vida, tudo aquilo que cada um vivencia ao longo de sua história de vida. Viajar é bom? Pode ser que sim, pode ser que não. Comer, beber, ler, fazer coleções, escrever, conversar, etc., quem acha bom? Para quem é bom? A amizade, o amor, a fraternidade, a caridade... tudo está na dependência do olhar que cada um lança sobre todas essas coisas.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Felicidade



Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim : mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.
Vicente de Carvalho

domingo, 4 de setembro de 2011

Dona Rosa

Rosa das flores,
Rosa da árvore debruçada no mar,
Rosa das folhas secas dando abrigo à flor,
Rosa das cerejeiras,
das azaléias que não mais existem ,
das Sete Quedas que a represa engoliu ,
das jangadas ,
da Terra Santa,
de Marília , do Brasil , Rosa do Mundo.
Rosa talentosa.

Marília , ,25 de agosto de 2011.

Agradecemos pelos belos exemplares do livro que a nós deste.
Os admiradores dessa obra, pertencentes à Oficina de Literatura da UNATI.
Arleta Nóbrega Zelonte,Benedita Pinheiro,Célia Regina Guedes Licas,Critina T. M. Saito,Dirceu Gomes da Silva,Elci Soares Fioravante,Iraci P.M. Melo,
Irene Capelli,José Carlos Caetano,Maria de Cássia Nards Leite,Maria Ivone Pandolfi,Orciza C. Salgado,Sonia Adorno da Silva,Stela Miller,Trinidade Escudeiro Consentino,Vera Lúcia Marcondes da Palma.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As boas coisas da vida

Tenho dificuldade para expressar minhas opiniões. O jogo de palavras ainda não aprendi; por isso, de maneira bem simples, me manifesto dizendo que as boas coisas da vida para mim acontecem:
-quando consigo levar a vida de maneira simples
-quando me coloco no lugar do outro, respeitando-o
-quando aprendo com as minhas experiências
-quando me calo ou me contenho quando necessário
-quando tenho domínio sobre mim mesma
- quando ouço mais do que falo
-quando falo sem ferir
Essas atitudes certamente me trarão a melhor coisa da vida: "a paz de espírito".
Célia Guedes 30/08/2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Encerramento do Semestre: Oficina de Leitura

Primeiro texto coletivo sobre a o tema “SOLIDÃO”

Solidão, Oh! Solidão
Há aquela bem intencionada e outra que aos poucos destrói a alma.
Aquela leva a reflexão, a criação e ao encontro consigo mesmo e a um estado de pura liberdade de estar só.
A segunda chega de mansinho, sorrateiramente e tenta se aconchegar justamente quando estamos nos nossos momentos de tristeza, preocupação e fragilidade.

Marília, 14 de junho de 2011
M.Cecilia, Arleta,Vera, Orciza,
Célia, Cristina, Dirceu, Iraci, Trindade,
Sonia, M. Ivone, Benedita, J. Carlos e Stela


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Dinâmica de Grupo: São João na Cultura Popular


Na noite de São João
No terreiro uma bacia
Que e pra vê se eu para o ano
O meu amor ainda me via
leva eu
leva eu

Benê contou “causo” sobre o mesmo tema da música


. Os outros participantes contaram diversos fatos engraçados ocorridos consigo, com familiares e amigos.
Como toda boa festa de S. João , comidinhas típicas foram providenciadas pela Iraci.
Foi um encontro interessante, fazendo parêntesis com o tema do Ciclo “Solidão”.



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No dia 28 o encontro foi no Café do Feirante. Começamos o ciclo “Coisas Boas da Vida” com a participação de Stela, Luiz, Dirceu, Maria Ivone, José Carlos, Cristina, Maria Cecilia, Trindade, Célia, Iraci, Beni e Vera Lúcia.

Encerramos o encontro com a síntese do tema “Solidão” abaixo:


Solidão
Ao refletirmos sobre a solidão, acabamos por ver nela um sentimento ainda não muito bem definido, muitas vezes incompreendido e até confundido com outros sentimentos assemelhados. E pensamos: quem sabe quanto mistério ainda esconde esse sentimento!
Há quem diga que a solidão pode ser, às vezes, bem intencionada, positiva, construtiva, pois nos permite a reflexão, o autoconhecimento, o encontro conosco mesmos; pode levar-nos a um estado de pura liberdade de estar só. E, de fato, é possível experimentarmos esse lado bom da solidão. Entretanto, em outras ocasiões, a solidão mostra-nos a sua face mais destrutiva: pode levar-nos a entrar em uma espiral negativa, por onde, como diz Chico Buarque, “nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma”... E o que é pior: faz isso sem aviso prévio, sem licença, chega de mansinho, sorrateiramente e tenta se aconchegar justamente quando estamos nos nossos momentos de tristeza, preocupação e fragilidade. Torna insuportável ficarmos a sós conosco mesmos. Encerra o ser em um escafandro de vácuo, isola seu cérebro, onde instala um moto contínuo, para o qual, muitas vezes não há rota de fuga. A solidão é, enfim, a ingratidão consigo mesmo.
Estaríamos falando, então, de um mesmo sentimento com suas contraditórias manifestações? Poderíamos pensar nessas diferentes manifestações como solidões, assim, plural, com diferentes caras, mas cada uma, em essência, solidão? Admitindo-se como verdadeira tal hipótese, podemos, então, fazer a nós mesmos alguns questionamentos. Como nos relacionamos com essas solidões? Como lidamos com elas? Conseguimos conviver pacificamente com algumas delas? Sofremos por contas de outras? Desconhecemos, por felicidade, outras tantas?
A complexidade da vida nos dá a medida das possíveis respostas. Algumas delas vamos conseguindo, ao longo de nossa existência, na quebra de braço com a vida, no convívio harmonioso ou não com nossos semelhantes, na partilha, nos encontros e desencontros, nos sucessos e insucessos, nos momentos bons ou não tão bons quanto gostaríamos. E dentre todas as possíveis respostas, uma sobressai por sua condição de meio de superação dos sentimentos destrutivos causados pelo lado obscuro da solidão e pode, por tal condição, ajudar cada um de nós a cruzar a ponte que leva ao lado oposto: inverter o jogo, transformar esse sentimento em arte, descobrir-se forte, solidarizar-se com o outro, ser produtivo e, com tudo isso, tornar-se capaz de conviver com a solidão. Enfim, viver!


Marília, 28 de junho de 2011
M.Cecilia, Arleta,Vera, Orciza,
Célia, Cristina, Dirceu, Iraci, Trinidade,
Sonia, M. Ivone, Benedita, J.Carlos e Stela

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Desmotivado...

Rotina



Desmotivado, inativo e lerdo,


O nobre artista entrega-se à rotina,


Enquanto a vida em volta a nós ensina,


Que o bom mesmo é ser rápido e moderno.



MAIO /2011.


Luiz Antonio Ortolani Lacerda

Café da manhã um ritual...

Rotina


Café da manhã


Um ritual...


Em redundância de ações


O bate-bola, a sesta



O jornal Nacional



Confrontam-se



À leitura noturna



Ao cinema de fim de semana.



Acordo com Boldrin



E digo sim!





Mas o dia a dia



E a disciplina necessária



Impõem tarefas



Isentas de monotonia



E então chega o marasmo



A acomodação



E deságuo em agonia.





É certo que viver



Pode ser



Ver sem às vezes enxergar



Ler o jornal, ir à missa



Tomar banho e até andar.



Já a rapidez produz cansaço



O desinteresse, desencanto



O hábito, estresse



Então, do descompromisso



Passo à organização



E chego ao compromisso.



Amanhã, hoje, ontem



Sempre



Faço-me produtiva



Para a vida boa e prazerosa



Ignoro a cansativa tristeza



E teimo em continuar



Em quebrar a acomodação.





Encaro a realidade:



“Nada se cria, tudo se copia”



E digo não à fuga



Sim à nossa realidade



E se ninguém sai dela



Ninguém dela escapa



Deposito esperança no futuro



E concluo: faria tudo novamente!



É quando outra vez

Retorna o cansaço



E o aborrecimento



Leva à nostalgia



Pois, sem a organização que se deseja



Ergo a voz e clamo: Agora chega!




Maria Ivone Pandolfi

Quem sou eu

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Nosso Grupo de Leitura atualmente apresenta a seguinte formação: Iraci - Existencia; Ivone - Inspiração; J.C. Caetano - Reinvenção; Dirceu - Questionamento; Orciza - Reflexão; Sonia - Articulação; Elci - Entendimento; Cássia - Cordialidade; Dade - Criação; Vera - Saudade; Simone - Aquela que ouve!

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