Ele
levantou-se cedo como sempre fazia. Era um costume vindo dos longos anos de
trabalho.
Aposentado,
não conseguia ficar na cama. Sua mulher
dizia que era um vício.
Saiu do
quarto, foi até a cozinha, abriu o vitrô e olhou o céu azul; o dia já estava
quente. Preparou o café. Sentou-se e saboreou os goles vagarosamente. Em
seguida preparou outra xícara e levou para a mulher, que meio acordada curtia a
cama mais um pouco. Sentou-se ao lado da mulher enquanto ela tomava o café.
Ficaram ali ainda mais um pouco.
Ela se levantou
para se trocar. Ele saiu do quarto e foi até a sala, ligou a televisão para
ouvir as notícias da manhã.
Ela foi para
a cozinha e preparou o café da manhã e os dois tomaram juntos como sempre
fizeram. Terminado, ela foi cuidar dos afazeres da casa e ele sentou-se no sofá
da sala para ler o jornal.
O dia
amanheceu infernalmente quente.
Finda a
leitura do jornal, dobrou-o e colocou sobre a mesinha. A mulher o leria depois
do almoço e faria as palavras cruzadas.
Resolveu
sair. Avisou a mulher que iria dar um volta. Saiu andando vagarosamente.
No caminho
encontrou um velho amigo que terminara de fazer sua caminhada matinal. Cumprimentaram-se
e foram tomar um café num barzinho próximo. Papearam por algum tempo. O amigo
olhou o relógio. Despediu-se. Precisava levar o neto `a aula de inglês.
Sozinho,
resolveu ir a um supermercado nas imediações. Lá havia ar condicionado e uma boa,
música, quem sabe encontrar alguém para mais um papo.
Andou um
pouco, olhou as frutas, as flores e pensou na mulher. Para agradá-la era só
dar-lhe flores, elas eram sua paixão. De repente, sentiu um atordoamento e
procurou um lugar para sentar; sentou-se num banco próximo e caiu para o lado.
As pessoas
se aproximaram. Alguém ligou para o SAMU. Chegou rápido. O médico examinou o
homem e imediatamente começou a massagem cardíaca, alguém chegou correndo com o
tubo de oxigênio e outro com a maca.
Reagiu.
Reanimado foi removido para o hospital. A família foi avisada. O filho deixou o
trabalho e rumou para o hospital. A mulher desesperada queria notícias. A nora recém-chegada
tentava acalmá-la.
O filho
conversou com o médico. O pai entraria para
a sala de cirurgia. Coração.
Enquanto o
filho preenchia a papelada para uma possível cirurgia, o médico informou que outro
enfarto naquele momento tirava a vida do homem.
O filho
voltou para a casa da mãe. Precisava avisá-la e também aos outros irmãos.
Em casa
abraçaram-se aos prantos.
Depois saiu
para preparar o funeral.
A notícia
correu. O amigo da manhã quase desmaiou quando soube da notícia.
A mulher,
inconformada, não parava de dizer “ele só ia dar uma volta, ele só ia dar uma
volta”.
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