quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O anel

O anel
Rifas para vender... Nunca gostei de vender rifas. Acho constrangedor mesmo que seja para ajudar os doentes de câncer e o prêmio um anel valioso.
Como vender pelo menos alguns números da rifa? Estava cansada de sempre acabar comprando todos e nunca ganhar nada. Eis que surge uma ideia: venderia para minhas irmãs sem que elas soubessem.
Todos os meses, elas me mandam dinheiro para cobrir as despesas de minha mãe com  medicamentos cujos preços são pesquisados por mim previamente. O valor total é rigorosamente dividido entre nós. Cinco reais a mais para cada uma não faria diferença. De mais a mais, correriam o “risco” de ganhar um bom prêmio. Com certeza, depois que contasse a elas, ninguém duvidaria de que fora por uma boa causa.
Dos vinte bilhetes que eu tinha, preenchi seis com o nome delas e os restantes com o meu nome.
No dia do sorteio, após a divulgação do resultado pela loteria federal, recebi um telefonema dizendo que o número sorteado fazia parte dos blocos que estavam sob minha responsabilidade. Corri para verificar e “ pasmem”: uma das minhas irmãs era a vencedora!
Se eu ficasse calada, ninguém saberia (até os canhotos estavam comigo) e eu poderia ficar com o anel. Esse pensamento seguido de enorme sentimento de culpa passou tão rapidamente quanto chegara. A minha alegria então passou a ser a surpresa que faria às minhas irmãs no Natal que estava próximo.
Com a família toda reunida na véspera do Natal e entre risos, emoção e suspense, contei a estória da rifa do anel.
Peguei os canhotos com o resultado da loteria e mostrei o nome da Ana Cláudia, a sortuda. Aplausos, risos, alegria e decepção foi o que se viu em seguida.
Ana Claudia, dotada de um coração maior que seus 1,60 m, disse que todas eram merecedoras e que fazia questão de um novo sorteio na presença de todas. Resolvemos então colocar toda a família, que naquele momento era de 23 pessoas e fizemos uma rodada de bingo.
O barulho era ensurdecedor, a torcida grande e os gritos de sempre: chacoalha o saco, estou na boa, canta a minha, até que falei mais alto que todos:

--Bingo!
Celia

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